Dúvida 1: "Eu pensei que não poderia usar um DIU por que nunca engravidei."
Antes se pensava assim. Atualmente, um melhor conhecimento sobre segurança e eficácia levaram à revisão e qualificação dos DIUs como categoria 2, onde os benefícios superam os riscos. Isso é verdade tanto para os DIUs de cobre quanto para os hormonais.
O medo desses aparelhos causarem infertilidade também contribuiu para esse mito. Contudo, várias pesquisas mostram que a infertilidade era, geralmente, causada por Doenças Sexualmente Transmissíveis, as DSTs, instaladas previamente ao uso do aparelho. De maneira adicional, também contribuiu para esse mito a existência de um tipo diferente de DIU que causava a doença inflamatória pélvica (DIP), mas seu uso já foi descontinuado.
Portanto, sob a luz das pesquisas atuais, jovens que nunca tiveram filhos podem sim usar DIUs de forma segura.
Dúvida 2: "Ouvi dizer que o DIU causa infecção."
As preocupações com infecção continuam a ser uma barreira na opção pelo DIU como método contraceptivo. Falhas nas primeiras pesquisas aumentaram os números sobre o risco de infecção, porém, após análise mais minuciosa, verificou-se que as doenças inflamatórias pélvicas (DIP) estavam mais associadas à infecção por Chlamydia, e não ao DIU. Muitos estudos controlados de método randomizado mais recentes demonstraram que o risco de DIP em usuárias de DIU é baixo. Soma-se a isso o fato de que o uso de DIUs hormonais podem diminuir o risco a longo prazo, para essas infecções, promovendo um espessamento do muco cervical e dificultando a entrada de microorganismos.
Uma situação de exceção é a paciente com DIP no momento da colocação. Nesse caso, pode haver um aumento transitório do risco de disseminação dos microrganismos envolvidos, com duração de até 3 semanas após a inserção. Entretanto, em termos gerais, os riscos de contrair uma infecção são semelhantes para mulheres com e sem DIU. Como as jovens e adolescentes têm maior risco de DIP, é recomendado uma triagem mais acurada para DSTs antes da inserção do DIU. Concluímos assim que não é verdade que os DIUs aumentam a taxa de infecção entre as mais jovens, ou em mulheres de qualquer idade.
Dúvida 3: "O DIU não vai cair de mim?"
As preocupações quanto a expulsão do DIU são mais frequentes em jovens e adolescentes, quando comparadas com mulheres adultas. Isso era informado em estudos mais antigos, que acusavam uma taxa de expulsão maior. No entanto, os dados atualizados registram taxas semelhantes (e baixas) de expulsão do DIU para qualquer faixa etária.
Dúvida 4: "O DIU não aumenta o risco de gravidez ectópica?"
Não há mais dúvidas de que os DIUs são altamente eficazes para evitar a gravidez. Entretanto, isso é somente verdade para as gestações intrauterinas. De forma geral, a gravidez ectópica é menor para as usuárias de DIU porque estão protegidas para não engravidar. Mesmo em uma taxa muito baixa, pode ocorrer a falha do método e a gravidez acontecer. Nesses casos, há uma chance maior de gravidez ectópica.
Dúvida: 5 "DIU causa aborto?"
A ação de um abortivo é definido como qualquer condição que investe contra o embrião já fertilizado e implantado no útero. Contrariamente aos abortivos, os DIUs de cobre e hormonais trabalham para prevenir a fertilização de um óvulo pelos espermatozoides. O DIU de cobre também funciona reduzindo a viabilidade do esperma, gerando uma resposta inflamatória na cavidade uterina o que, excepcionalmente, também pode impactar na implantação de um óvulo fertilizado. Nenhum tipo de DIU tem efeito após a implantação. Há diversos informativos na Internet que podem ajudar a explicar as diferenças para você usuária e seus familiares.
Dúvida 6: "Eu gostaria de colocar um DIU, mas eu tenho medo de doer."
O medo da dor tem sido relatado como uma das principais razões pelas quais as pacientes mais jovens não se interessam em usar DIUs. No entanto, as pesquisas têm mostrado que jovens e adolescentes são capazes de tolerar, com sucesso, a sua inserção. Experiências de dor podem ser impactadas positiva e negativamente pelo conhecimento, aprendizado prévio, emoções e expectativas. Sua percepção pode variar amplamente e, embora ocorram relatos de desconforto com a inserção dos DIUs, a intensidade tende a ser baixa. Sabe-se que a linguagem que é usada para discutir a maneira da inserção do DIU com as pacientes, durante o seu aconselhamento, pode influenciar suas expectativas e experiências futuras de dor, ajudando a aliviar (ou piorar) seus medos. Quando é estabelecida uma condição de confiança e segurança seguramente o desconforto será menor. Para aquelas pacientes com uma sensibilidade mais apurada, há sempre a possibilidade do uso de analgésicos, anti-inflamatórios e anestésicos locais que minimizem qualquer desconforto que venham a sentir.